Exposição que retrata nomes da cultura brasileira com blusas de marca icônica dos EUA fica em cartaz até 23/04

Em “Vermelho, Verde e Amarelo: a estética redefinida", Filipe Nardi pintou quadros que se apropriam de conceitos usados pela Supreme. A mostra está na Ocupação Iboru, número 43 da Rua Sete de Setembro, Centro do Rio

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Fotos: Felipe Lucena

Todos“, respondeu Filipe Nardi quando questionado sobre quais quadros haviam sido pintados na Ocupação Iboru, que fica no número 43 da Rua Sete de Setembro, Centro da cidade do Rio de Janeiro. O espaço, idealizado por Marcelo D2 e Luiza Machado, foi o ateliê e expõe até o próximo dia 23 de abril as obras do artista carioca.

“Dia 23 é dia de São Jorge, Ogum. Eu sou filho de Ogum, então, para mim, é simbólico fechar nesse dia“, relata Filipe, que contou que teve trabalho para pintar alguns quadros em meio à movimentação do espaço cultural que tem como principal norte ser um centro de pesquisa avançada do Novo Samba Tradicional. “Eu sempre atendia bem as pessoas, mas tinha hora que ficavam insistindo no papo e eu precisava me concentrar. Aí colocava um fone de ouvido“, disse o artista.

A ousada releitura do streetwear da Supreme, marca criada em Nova York por James Jebbia, misturada à tradição artística/cultural brasileira conta com 23 obras inéditas. Ícones da nossa música como Arlndo Cruz, Jorge Aragão, Almir Guineto, Elis Regina, Milton Nascimento e outros estão eternizados nas molduras. Além dos nomes da música, estão Adriano (ex-jogador de futebol), Marta (jogadora de futebol), Glória Maria (jornalista).

“O bom de estar aqui pintando e depois interagindo com quem está vendo a exposição pronta é ter essa troca, conversa, muitas vezes, de artista educador. Eu explico o motivo do Almir Guineto estar segurando um banjo, também o porquê dele ser o único que está de blusa preta. O Arlindo com a marca verde, tudo isso vou falando com quem está aqui“, pontua Filipe.

Filipe fala, mas também escuta: “Teve uma pessoa aqui que estuda belas artes e veio falar comigo sobre o quadro do Arlindo Cruz. O cara veio e me falou: ‘você sabe que pintou a Mina Lisa brasileira, né?’, eu questionei por quê? Ele disse que é porque os olhos do Arlindo no quadro ‘acompanham’ que está se movimentando na frente da obra“.

Além das pessoas que representam a cultura brasileira, a exposição tem um quadro do Zé Carioca. Filipe contou que a escolha das imagens se deu por conta de memórias afetivas dele e queria retratar um personagem da infância. Acabou esbarrando em alguns questionamentos e pintou um que não é necessariamente de quando ele era criança, mas que retrata bem a ideia da mostra.

“É vermelho, verde e amarelo porque tem essa questão meio antropofágica de se apropriar de uma estética criada nos Estados Unidos e retratar com as cores e caras do Brasil. Nesse ponto, o Zé Carioca se encaixou perfeitamente“, frisa Filipe.

Depois do dia 23 de abril, a exposição vai para São Paulo e pode parar em Nova York. “Imagina?”, comentou Filipe.

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