
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por meio da Comissão de Assuntos Urbanos, realizou, na última quinta-feira (12/06), uma audiência pública para debater um projeto de lei complementar que autoriza a instalação de um hospital nos antigos prédios da IBM na Avenida Pasteur, em Botafogo, Zona Sul da cidade. A medida, número 187/2024, foi enviada à Casa pelo Poder Executivo.
Conduzida pelo vereador Pedro Duarte (Novo), presidente do colegiado, a audiência contou com a presença dos também parlamentares Zico (PSD) e Átila Nunes (PSD), respectivamente vice-presidente e vogal da comissão.
Favorável à possível nova lei, Pedro Duarte, morador de Botafogo, acredita que restrições podem ser prejudiciais ao desenvolvimento da cidade. Ele lembrou que o Plano Diretor manteve um artigo que proíbe a construção de novos hospitais no bairro e, agora, o parlamento terá que votar um caso específico.
”O ideal é que não tivéssemos restrições. Defendo que as pessoas morem perto de seus trabalhos e dos serviços, como hospitais. Quanto mais perto de suas casa’s, mais rápido será o atendimento”, disse.
Já o vereador Átila Nunes destacou a importância de se discutir o tema com a população: ”É um assunto que desperta polêmica, principalmente entre os moradores. Daí a importância de se ter uma oportunidade para ouvir todos, as defesas e as críticas necessárias para subsidiar o Poder Executivo”.
Com atuação significativa em São Paulo, com 19 hospitais, a Prevent Senior, operadora que pretende instalar a unidade com leitos de internação em Botafogo, tem expertise no atendimento a pessoas mais idosas, com média de 68 anos de idade.
”A empresa ganhou expertise no desenvolvimento da jornada de cuidados das pessoas mais velhas, que funciona melhor quando se tem toda a rede de tratamento”, explicou Teresa Cristina Campos Mello, gestora do Departamento de Gestão de Riscos e Políticas de Compliance da Prevent Senior.
Teresa, vale ressaltar, deixou claro que a unidade será de porta fechada, pois não terá pronto-atendimento, somente internações, com 200 profissionais em dois turnos diferentes. Em SP, os hospitais também estão localizados perto de áreas residenciais para o atendimento aos pacientes.
”A nossa presença não tem trazido transtorno, pelo contrário, houve um aumento da segurança. Os impactos no trânsito serão menores do que os causados pela IBM. A cidade será beneficiada com a geração de empregos diretos e indiretos e e à segurança na região”, acredita a executiva.
Bernardo Rubião, por sua vez, coordenador especial da Subprefeitura da Zona Sul do Rio, também aposta nos benefícios que serão trazidos à cidade com a aprovação do projeto de lei complementar e a implantação da unidade da Prevent Senior:
”Precisamos lembrar do impacto econômico da região. Quem a por lá vê os empreendimentos que dependiam da IBM abandonados. Infelizmente, as mesmas pessoas que reclamam que não há vida no local são as que criticam quando não há movimento de ocupação na região”, afirmou.
Ricardo Lemos, assessor da Diretoria Técnica da CET-Rio, revelou que o órgão tem participado da análise dos impactos no trânsito da região.
”O caso específico, que é de um hospital só com internações, sem pronto-atendimento, talvez tenha menos impacto que a IBM. A concentração de horários de entrada e saída de funcionários é mais complicada. No momento, estamos no processo de indicação das medidas para que os impactos sejam minimizados”, disse.
Vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, o vereador Dr. Rogerio Amorim (PL) apresentou algumas dúvidas: ”A operadora de saúde comprou o prédio, mesmo sabendo que no local não poderia ter um hospital? Acho confuso o fato de a empresa estar fazendo planejamento com algo que hoje é proibido”.
De acordo com Teresa Cristina, o imóvel é alugado e, em 2021, sequer se sabia das dificuldades para a instalação de hospitais no Rio. ”Fomos surpreendidos quando chegamos. Primeiro, cogitamos a instalação de um grande centro médico, com consultórios de diagnósticos, o que provocaria mais movimento na localidade. Agora, estamos tentando monetizar o uso do prédio de uma forma que não cause tanto impacto”, informou ela.
Regina Chiaradia, presidente da Associação dos Moradores e Amigos de Botafogo, se mostrou preocupada com a possibilidade de risco de colapso na movimentação do bairro: ”Ninguém é contra o hospital. No entanto, não podemos abrir mão de algumas coisas no bairro. Botafogo tem a proibição para a construção de hospitais e escolas devido ao planejamento urbano. Quando se concentra alguma atividade em algum bairro, ele acaba colapsando”.
Já Laudimiro Cavalcanti, presidente da Bolsa de Imóveis, disse não ter como ser contra o projeto. ”Os prédios da IBM traziam muito mais impacto ambiental do que se um hospital fechado for instalado na região. Todos os moradores serão beneficiados. Com um prédio vazio estamos sujeitos a invasões”, pontuou.
No momento, o Projeto de Lei Complementar 187/2024 aguarda os pareceres das comissões de Justiça e Redação, de istração e Assuntos Ligados ao Servidor Público, de Assuntos Urbanos, de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social e de Abastecimento, Indústria, Comércio e Agricultura.
“O ideal é que não tivesse restrições”
Esse Pedro Duarte não sabe de nada.
Vai procurar saber como é em outros países mais desenvolvidos e mesmo aqueles liberais…