Na próxima quinta, dia 19/6, a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores celebrará o dia de Corpus Christi, com uma Missa Solene, acompanhada do coral e orquestra Astorga, sob o comando da soprano Juliana Sucupira. A Santa Eucaristia será celebrada, a parir das 12h15, pelo Padre Victor Hugo Nascimento. A Missa, em latim, é aberta ao público em geral e promete ser uma grande comemoração, como no século 19.
A celebração religiosa será prestigiada pelos membros da Irmandade dos Mercadores, bem como por todos os comerciantes que apoiam o templo católico, através da Liga dos Devotos de Nossa Senhora da Lapa. A Missa Solene é a única no ano que na qual são usados os dois turíbulos – incensários – de prata de lei com mais de 200 anos de idade.
Na Missa de Corpus Christi, a Irmandade usará todas as suas peças históricas, como Cruz Processional, cálice e âmbula, além dos estandartes históricos. Será usado o galheteiro doado pela Família Imperial à irmandade, com as serpes de Bragança nos pegadores. O objetivo é realizar uma solenidade ao estilo dos ritos litúrgicos que eram realizados na região mais de 200 anos atrás. A Missa será rezada em latim – com a pregação e leituras em português – e acompanhada de polifonia sacra oitocentista e terá também o uso das peças históricas de prata recuperadas pela Polícia Federal num antiquário em Copacabana, que estavam desaparecidas há 40 anos.
No final da Missa, será feita a cerimônia de adoração ao Santíssimo Sacramento, com uso do histórico ostensório cravejado de minas novas, pedras muito usadas no Brasil Colonial para ornamentar as jóias mais valiosas. “Ele foi recentemente restaurado e brilha como o sol da manhã”, explica o padre Victor Hugo.
Localizada na Rua do Ouvidor, 35, a Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores foi reaberta aos devotos e ao público, após quatros fechada pela Defesa Civil, anos de negligência e ausência de atividades religiosas. A reinauguração da Igrejinha, que fica na esquina do histórico Arco do Teles, na Praça, aconteceu em junho de 2023 e foi mercada por muita emoção, casa lotada e presença massiva de devotos católicos, personalidades cariocas de destaque e muitas autoridades; entre elas, o prefeito Eduardo Paes (PSD).
A Irmandade da Lapa dos Mercadores é presidida pelo diretor da Sérgio Castro Imóveis, Cláudio André de Castro, que, juntamente com comerciantes do Centro do Rio, foram os responsáveis pela completa revitalização de belo templo religioso, que hoje conta inclusive com certificado de aprovação dos bombeiros, após ampla reforma que foi comentada em todos os meios de comunicação.
A Igreja conta com um raro órgão de fole, de 1873, que, após décadas parado, foi totalmente restaurado por Vítor Pleckaitis e Thiago Debossan. O instrumento, também chamado de harmônio, é feito de madeira e marfim e foi fabricado em Paris, especialmente para a pequena Joia do Centro.
O templo é uma demonstração viva da resiliência católica diante das mais variadas formas de intempéries, como bombardeio de canhão sofrido pela Igreja, em 1893, durante a Revolta da Armada que quase custou a integridade da imagem de Nossa Senhora da Fé, que despencou do alto da torre e sofreu apenas danos leves em uma das mãos. Um verdadeiro milagre!
Construída com uma arquitetura que combina elementos barrocos e rococós, e influências neoclássicas de reformas posteriores, a Igreja da Lapa dos Mercadores era muita apreciada por membros da Família Real Portuguesa do Brasil. Como reverência aos seus anteados, a princesa dona Christine de Orleans e Bragança fez questão de assistir a primeira Missa celebrada na Igrejinha, após os seus anos de ausência.
Para fazer a revitalização do templo, Cláudio André de Castro seguiu severamente todas as orientações do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e dos 70 negativos antigos de 1920 que foram encontrados na arrumação do templo. As imagens davam uma ideia sobre a riqueza da Igrejinha da Praça XV.
Para fazer a recomposição do acervo dilapidado da Igreja, o empresário retirou peças do acervo de sua família que se juntaram a algumas obras originais de extremo valor histórico, como as imagens de Santana com a Virgem Menina e São Joaquim, incorporadas ritualisticamente à igreja, em 1766. A imagem de Nossa Senhora da Lapa, que está abrigada no nicho principal, também é original. O altar da Missa Nova, todo entalhado em madeira no século 19, foi arrematado por Cláudio André em um leilão e doado à Igreja, abençoado pelo Cardeal Dom Orani Tempesta e desde então ornamenta a capela.
A tradição de Corpus Christi
No Corpus Christi, a Igreja Católica celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia. A solenidade acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que sucede o domingo seguinte de Pentecostes. Corpus Christi é uma festa de preceito, portanto exige participação dos católicos na Santa Missa neste dia.
Em muitas cidades do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro, paróquias promovem procissões por vias públicas; muitas delas artisticamente ornamentadas com tapetes coloridos de inspiração religiosa em honra ao Senhor. No Rio, ocorre uma grande procissão.
Corpus Christi é um convite à reflexão sobre a importância da Eucaristia na vida do devoto católico, uma vez que ela representa um dos sete Sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Cristo disse: “Este é o meu Corpo… Este é o cálice do meu Sangue… fazei isto em memória de mim” (Mt 26,26). Para perpetuar a presença salvadora de Jesus, a Igreja Católica cumpre este mandato até os dias atuais.
A origem da celebração do Corpo e Sangue de Cristo data do século XIII e foi instituída pelo Papa Urbano IV (1262-1264), por meio da bula “transiturus”, de 11 de agosto de 1264, com a determinação de ser oficiada na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. Nascido Tiago Pantaleão de Troyes, Urbano IV, foi Cônego de Liége (Bélgica) antes de ser escolhido Papa. O religioso recebeu o segredo das visões da Freira Juliana de Liége, que solicitava a celebração da Eucaristia no calendário litúrgico, para honrar e reforçar a presença real do Senhor Jesus no pão e no cálice consagrados, tornando-se Jesus sacramentado.
Serviço:
Missa Solene de Corpus Christi
Padre oficiante: Victor Hugo Nascimento
Coral e Orquestra: Juliana Sucupira e Coral Astorga
Hora: 12h15
Endereço: Rua do Ouvidor, numero 35, Centro do Rio de Janeiro
Estacionamento: Menezes Côrtes, atrás do CCBB, esquina de Primeiro de Março com Rosário, vagas no entorno do prédio da Bolsa na Praça XV
