Na manhã desta segunda-feira (09/06), dezenas de indígenas das aldeias do Rio de Janeiro bloquearam a entrada de o ao complexo de usinas nucleares de Angra dos Reis e a BR 101 (rodovia Rio-Santos) para reivindicar a retomada da demarcação das Terras Indígenas e em protesto contra a aprovação pelo Congresso Nacional brasileiro do chamado “PL da Devastação Ambiental”.
Das 8 aldeias Indígenas fluminenses, apenas 3 delas foram demarcadas pelo poder público e estes processos demarcatórios ocorreram na década de 1990: ou seja, há mais de 30 anos atrás.
“O avanço da especulação imobiliária nos municípios costeiros fluminenses de Maricá e Paraty que avançam sobre os territórios de ocupação tradicional indígena, gerando sérios conflitos fundiários, nas últimas décadas tem sido o principal obstáculo para que sejam concluídos estes morosos processos demarcatórios. Para os povos originários o direito de o à ‘terra’; ‘território’ é um elemento fundamental para sua reprodução social e do seu modo de vida, permanência da cultura, garantia da segurança alimentar e conservação ambiental dos territórios em que vivem. A ausência de demarcação das Terras Indígenas no estado do Rio de Janeiro tem provocado riscos às comunidades tradicionais e problemas de saúde mental, com o adoecimento do corpo e da alma e espírito” disse Sérgio Ricardo Potiguara, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), coordenador do Movimento Baía Viva e doutorando em antropologia no PPGA/UFF.
As aldeias indígenas das etnias Guarani Mbyá e Nhandeva e Pataxó até hoje não demarcadas estão localizadas nos municípios de Maricá (2 aldeias) e Paraty (3 comunidades indígenas).
“Afinal, para os povos indígenas a terra/território é um elemento sagrado fortemente presente na sua cosmovisão de mundo. No entanto, as prefeituras e o mercado imobiliário veem na terra um valor meramente financeiro e de acumulação privada de capitais, reproduzindo uma equivocada e predatória lógica mercantil em que a floresta estaria disponível para ser desmatada, queimada para permitir a implantação de grandes empreendimentos imobiliários, como o mega resort que o Colonizador espanhol IDB Brasil Ltda pretende construir eliminando cerca de 80% da biodiversa Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual de Maricá que abrange uma área de 969 hectares. O projeto desta empresa espanhola antiecológica também ameaça expulsar, remover, provocar o despejo forçado da comunidade pesqueira do povoado de Zacarias que ocupa a região da Lagoa de Maricá há mais de 300 anos e a Aldeia Guarani Mbyá de Mata Verde Bonita”, completou Sérgio Ricardo Potiguara.