Uma das construções religiosas mais emblemáticas do Centro do Rio, a Igreja da Candelária completa 250 anos nesta sexta-feira (06/06) com missa solene e o descerramento de uma placa comemorativa. A cerimônia será conduzida pelo cardeal Dom Orani Tempesta, com coral e orquestra. A data marca a bênção da pedra fundamental do templo, feita em 1775.
A igreja virou ponto de referência na paisagem do Centro e sobreviveu à grande reforma viária da década de 1940, quando a Avenida Presidente Vargas foi aberta. Mesmo localizada exatamente no traçado da nova via, a Candelária não foi demolida. O caso é tão simbólico que chegou a ser cogitado um projeto para “girar” sua posição, para que a fachada não ficasse de costas para a avenida — o plano nunca saiu do papel.
A construção da igreja levou mais de um século. Começou oficialmente em 1775, com blocos de pedra retirados da antiga pedreira do Catete, e teve uma primeira inauguração parcial em 1811, com a presença do então príncipe regente Dom João. A conclusão total só veio em 1898, em cerimônia presidida por Dom Joaquim Arcoverde.
A Candelária também testemunhou momentos decisivos da história política do país: manifestações contra a ditadura, comícios pelas Diretas Já e, tragicamente, a chacina de 1993, quando oito jovens em situação de rua foram mortos por PMs de folga na calçada em frente à igreja. Em 2013, o Papa Francisco mencionou o episódio durante sua visita ao Brasil, ao dizer: “Violência, não! Só amor! Candelária, nunca mais”.
Hoje, a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária prepara novos projetos. O Consistório da igreja, onde ocorrem reuniões solenes da irmandade, foi restaurado com supervisão do Iphan e deve ser aberto à visitação. O museu da igreja também será reformulado. Além disso, está em andamento o processo para que o templo receba o título de basílica — a solicitação já foi enviada à Arquidiocese do Rio.